terça-feira, julho 13, 2010

vejo-o fazendo café

estudo para tela/mulher/ rafael godoy


trago a vida entalhada em contas papéis livros
lembro quando via sessão da tarde e a tarde não passava nunca
hoje as tardes passam e não vejo
a noite vem como o dia
a noite é a mesma
mesmo quando você vem e diz que me ama
então olho o homem que atravessa a rua
e está com flores na mão
o livro que li há dez anos
vai ser o mesmo se o ler hoje?
vejo-o fazendo café
e a minha angústia costurada em seu pijama
e a vontade desesperada de fugir



35 comentários:

Ribeiro Pedreira disse...

o desejo de receber flores não passa do querer fugir à mesmice.

Anita Mendes disse...

drika, pelo que percebi, nao creio que que o poema seja tao prisioneiro quanto parece ... creio que nele mesmo a personagem se liberta (quando pensa em voar, quando muda a rotina procurando outras maneiras de salvar o dia.) A vejo como uma anti-heroina que salva o seu o proprio mundo ao ve-lo coando cafe!e quem sabe amanha... cha?!
beijos e mais beijos ...
adorei!!!!

Unknown disse...

DRI!

Da vida entalhada em papéis, da sessão da tarde que não passa nunca, o que eu sentiria saudades, era da vontade desesperada de fugir.

Você é DEMAIS!

Beijos

Mirze

dade amorim disse...

Às vezes a vida entalha e fica talhada como leite que passou da hora.

Beijo beijo.

Anônimo disse...

Não há ninguém que escreva melhor a melancolia mais sincera e real do que vc. Ah... até suspirei, vc sempre deixa uma pontada em mim.

Beijos, grande poetisa!

Lou Vilela disse...

O poema deixa um forte travo. É sempre bom te ler, Dri!

Beijos

sopro, vento, ventania disse...

que texto bonito, Drica. Dá dó de ler de tão lindo; tanta lembrança evocada; palavras várias, profundas e costuradas com o talento que só você, mesmo.
um beijo

byTONHO disse...



De entalhe em entalhe
Detalhes...
A vida entalhada nos encalha...
O desespero se apresenta na mesmice
de tanta informação que nos chega,
produzindo esta sensação de nada
de NOVO há... por isso o tempo corre,
e não alcançamos mais!

Quero um café!

Be:)os!

Zélia Guardiano disse...

Show!
Identifiquei-me com o seu espaço, com os seus escritos...
Virei sempre.
Abraço

Adriana Godoy disse...

Ribeiro Pedreira, boa interperetação. bj

Anita, vc faz meu texto ficar mais interessante. Valeu mesmo! beijo.

Mirse, vc sabe como ninguém captar a essência mais melancólica. Obrigada. beijo.

Dade, é por aí mesmo. Valeu!

Lara, sua sensibilidade me encanta. beijo.

Lou, trava mesmo...beijo.

Cynthia, que lindas palavras. Valeu sua presença sempre tão carinhosa. beijo.

Tonho, seu comentário é um desbunde...adorei. beijo


Zélia, um prazer sua visita. Volte mesmo. Bj

nina rizzi disse...

o todo é demais, mas que coisa linda: "a angústia costurada em seu pijama". nossa.

e eu não serei a mesma quando ler esse poema em dez munutos.

beijos, querida.

Tenório disse...

Que genial! Gostei muito, um dos que mais gostei dos seus.

vejo-o fazendo café
e a minha angústia costurada em seu pijama

Muito bom!

A.S. disse...

Adriana...

Um texto onde senti uma angustia com vontade de soltar um grito de liberdade!


BeijOOO
AL

Anônimo disse...

Adriana,
você tem um jeito tão forte de dizer as coisas que, às vezes, assusta. Tudo em você é incisivo e único, e ao mesmo tempo tão poético e doce quando diz que via a sessão da tarde e a tarde não passava nunca...(isso é lindo!) você não o vê fazendo café, mas mira-o à distância com a certeza de perdê-lo (ou afastá-lo!??). Parabéns!
Mauro Lúcio de Paula

Marcelo Novaes disse...

Adriana,



Huummmm...

Pelo jeito, o livro terá gosto de café requentado.


Será o tédio nossa mais cotidiana dor?




Um beijo.

Úrsula Avner disse...

Oi Adriana,

bonitos e expressivos versos... Você descreve coo ninguém sobre o cotidiano , suas nuances e sentimentos que ele suscita... A tela Do Rafael mais uma vez caracterizou de forma especial o poema. Bj,

Úrsula

Luciano Fraga disse...

Adriana, grandiosa como sempre, um poema de libertação e o retrato de nossas dúvidas existenciais, nossas incongruências, aberto como o livro... beijo.

Renata de Aragão Lopes disse...

Um estágio seguinte
ao meu "Disparates"?

Amei o poema!

Beijo,
Doce de Lira

Batom e poesias disse...

Ai, a melancolia da rotina, da mesmice... Deu uma dor ao ler...

As angústias são tão parecidas, mas você descreve com genialidade, Dri.

Ai ai...
bj
Rossana

Talita Prates disse...

saio daqui sempre "impactada" com o força da tua escrita, Adriana.

Sou fã.

Um bjo,

Talita.

Fred Matos disse...

Minha amiga, este teu poema é ducaralho. Gostei muito. E a ilustração é também um primor.
Ótimo fim de semana.
Beijos

Adriana Godoy disse...

Nina, Tenório, A.S., Mauro, Úrsula, Marcelo, Luciano, Renata, Rossana, Fred...gostei imensamente de cada comentário...só posso agradecer e, infelizmente, agora, não posso retribuir as visitas. Estou em um trabalho puxadíssimo...mas assim que puder, atualizo minhas leituras. Valeu mesmo! beijos e beijos.

[ rod ] ® disse...

A fuga é lírica e o temor do que foi só um prenúncio. Bjs moça e obrigado!

Lai Paiva disse...

Muito, muito bom Adriana. Que dom da escrita vc tem. Bj

BAR DO BARDO disse...

o verso do pijama já é um poema

poema de bom poeta

namastê

Yan Leite Chaparro disse...

... a sensatez distorcida do dia

Wania disse...

Dri

e a minha angústia costurada em seu pijama e a vontade desesperada de fugir



A rotina se costura na pele...
Lindo, lindo, lindo!
Tuas palavras passam esta sensação de querer libertar-se!

Bjão

Rounds disse...

adriana e sua poesia sedutora, encantadora, sublime...

bj

guru martins disse...

...então fuja!!!

e tome um bj
como incentivo

Adriana Godoy disse...

Rod, Lai,Bardinho, Yan, Wania, Buenas...nossa, fico assim...assim...com esses comentários. Obrigada pela presença e atenção. Beijos


Bardo, finalmente me deu a honra de sua presença...tava com muita saudade.


PS: AINDA ME ENCONTRO EM UM TRABALHO DE REVISÃO QUE ESTÁ ME TOMANDO TODO O TEMPO. MAS, LOGO, LOGO, ESTAREI LIVRE PRA PODER VISITAR MEUS PREFERIDOS.

BEIJOS

Priscila Lopes disse...

às vezes me desespera entender que essa angústia é minha, como são meus braços, minhas pernas, meus pés... que - graças a deus?! - morrerei com isso.

Ianê Mello disse...

Lindo poema, querida.

É o dia a dia, a rotina que nos faz sentir assim. Por vezes, deixamos da dar valor à pequenos detalhaes, que só sentimos falta quando perdemos.

Bj.

José Carlos Brandão disse...

Poema forte, de doer. Gostei, Adriana.
Um beijo.

Rafael Sperling disse...

Legal, Adriana!
Fazia tempo que não passva aqui...
Bjs

Daniela Delias disse...

Lindíssimo o teu blog, Adriana! Cheguei aqui no rastro de outras belas Marias Claras! Bjos, carinho!